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Breve introdução aos fundamentos das constelações familiares

Cada ser humano nasce numa família. Isso gera um vínculo que o liga a todos os membros dessa família. Uma instância oculta, que Berta Hellinger[1] chama de “ consciência familiar”, vela pelas condições que reinam na família enquanto compartilha de um destino comum. A essas condições estamos expostos e subordinados, independentemente de nossa vontade. Essa instancia vela pelo vinculo do sistema, pelo equilíbrio entre o dar e o receber, assim como no destino, e pela preservação da ordem. A ordem prescreve que todos os membros da família, inclusive os falecidos, possuem igual direito de pertencer a ela. Quando um membro da família é excluído, desprezado ou esquecido – por exemplo, uma criança que nasceu morta-, essa consciência coletiva faz com que o outro membro, geralmente de uma geração posterior, inconscientemente se identifique com a pessoa excluída. Nesse enredamento o segundo torna-se semelhante ao primeiro e reproduz aspectos do destino dele, sem que saiba por que e sem poder evita-lo.

Uma segunda ordem que vela a consciência coletiva é a hierarquia pelo tempo. Dessa maneira, os pais tem prioridade em relação aos filhos, o primeiro filho em relação ao segundo, etc. Entre famílias, a que foi fundada ou surgiu por último tem precedência sobre a anterior. Portanto, a família atual tem precedência sobre a família de origem e a segunda sobre a primeira, mesmo que tenha se originado por meio de um filho extraconjugal. Em oposição à consciência moral pessoal, por onde percebemos imediatamente se nosso modo de agir coloca em risco nosso pertencimento, a consciência coletiva, atuando de modo oculto, vela pela preservação e pela coesão da família.

Apegamo-nos a muitas doenças e sintomas pelo anseio de proximidade com nossos pais ou pela necessidade de pertencer à nossa família. Muitas vezes atua aí uma necessidade inconsciente de compensação, quando nos sentimos culpados ou exibimos uma pretensa reinvindicação, ou então, a doença nos obriga a uma parada quando infringimos uma ordem com nossa atitude ou nosso comportamento.

 

A Família como participante de um destino comum

Por meio da investigação sobre possíveis envolvimentos familiares de membros individuais, o trabalho com as constelações sistêmicas levou a um conceito ampliado de família, onde se incluem todos os que são abarcados pela consciência do grupo familiar. Nesse sentido pertencem a ela todos os filhos, portanto, nós e todos os nossos irmãos e meios-irmãos, inclusive os natimortos, bem como os filhos que foram dados, ocultados ou abortados. Além disso, pertencem à família os pais e todos os seus irmãos, os avós, algumas vezes também os seus irmãos, principalmente quando tiveram um destino especial, e por vezes ainda os bisavós.

Além dos parentes, pertencem ainda ao sistema familiar todos aqueles que de algum modo sofreram uma perda por intermédio da família, ou cujo destino proporcionou a ela um ganho. Tais são, por exemplo, os parceiros anteriores dos pais ou dos avós, que tiveram de ceder ou liberar o seu lugar. Nesse contexto também são considerados como pertencentes ao sistema familiar aqueles que foram vítimas de violência por parte de membros da família. Além disso, em razão do vínculo especial que nasce entre vítimas e perpetradores, nas famílias em que houve vítimas de crimes e violências também pertencem a ela os assassinos. Todas as pessoas mencionadas constituem a família como uma comunidade que participa de um destino comum.

Os procedimentos

A sessão pode ser conduzida em grupo, ou individualmente. Em grupos, o constelado escolhe pessoas que representarão seus familiares. Nas constelações individuais, o terapeuta pode utilizar de bonecos para ocupar os papeis dos membros familiares.

Fonte: Constelações Familiares e o Caminho da Cura, Stephan Hausner, Ed Cultrix, 2015 (2ª edição)

 

 

[1] Bert Hellinger nasceu na Alemanha em 1925 ex-seminarista católico, estudou filosofia, teologia e pedagogia. Conhecedor de vários modelos de terapia, incluindo a de grupo, psicanálise, hipnoterapia, terapia primal, análise transacional e PNL, desenvolveu a abordagem das Constelações Familiares e a concepção das Ordem do Amor, ou Lei dos Relacionamentos Humanos. In Contelações Familiares com Bonecos, Maria Helena da Graçoa, Ed Juruá, 2015, 2ª edição.

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